“Ele [o Pai] corta todos os ramos que em mim não dão fruto, e limpa os que dão fruto, para que dêem ainda mais.”
João 15:2
É curioso que o facto de dar fruto para Deus implica que Ele precisa de podar-nos, para que possamos dar ainda mais fruto. É como se o excesso do “eu” limitasse a quantidade e qualidade do fruto que podemos/devemos dar. Assim, a vara (eu), precisa constantemente de ser podada, para que a videira consiga transmitir a vida necessária inerente à produção do fruto. É um processo contínuo, difícil e doloroso, mas indispensável para que o meu “eu” não consuma o alimento destinado ao fruto.
Podemos definir “fruto” como sendo a reprodução do caráter divino, partilhado com o outro através da minha vida, isto é, o facto de eu ter intimidade com Deus faz com que a minha relação com o outro lhe “empreste” a possibilidade de conhecer este Deus amoroso, compassivo, cheio de graça e bondade.
Mais à frente, no versículo 5, Jesus afirma que, “sem Ele, nada podemos fazer”, isto é, sem Ele, não damos fruto! Podemos trabalhar para Ele, fazer coisas por Ele e em nome Dele, etc. mas, dar fruto, limita-se à condição de estar intimamente ligado a Ele!
O que podemos fazer, então, para estar intimamente ligados a Ele? Existem vários caminhos: a oração, a meditação, o louvor e a leitura da Sua palavra são apenas alguns exemplos. Creio, no entanto, que o segredo não reside no fazer, mas sim no estar e no ser, que logo se desenvolve em ação. Ou seja, não faço para ser; faço porque estou e sou intimamente ligado a Ele. Assim, a ação é uma consequência de quem sou e da posição que tenho em Cristo e não vice-versa.
Paulo Nunes